sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Fardo da Área Social

Corinthians tem prejuízo de R$ 23 milhões

ERICH BETING
Da Máquina do Esporte, em São Paulo


Em meio a um processo de reformulação e refinanciamento do clube, o Corinthians divulgou nesta sexta-feira o seu balanço financeiro referente ao ano de 2007.

O resultado foi preocupante: o clube teve um prejuízo de R$ 23,264 milhões no ano passado. O valor mostra uma leve recuperação em relação ao ano de 2006, quando o déficit havia sido de R$ 24,326 milhões, mas pode cair ainda mais neste ano, com o time na Série B do Campeonato Brasileiro, o que significa de início uma queda de 50% na receita de televisão.

O maior "vilão" no resultado financeiro foi mais uma vez a área social do clube, que apresentou um déficit de R$ 23,115 milhões. O futebol teve um saldo negativo de R$ 149 mil. No ano anterior (2006), o prejuízo da área social havia sido um pouco maior (R$ 24,446 milhões), enquanto o futebol tinha dado um lucro de R$ 120 mil.

A arrecadação com o futebol, carro-chefe das atividades do clube, foi a que mais cresceu no ano passado. De R$ 82 milhões em 2006, o dinheiro arrecadado no ano passado saltou para R$ 122,3 milhões. Esse número, porém, só foi alcançado a partir da venda de jogadores, principalmente a dos meias Willian (R$ 36,5 milhões) e Carlos Alberto (R$ 17,9 milhões).

No total, a negociação de atletas representou 58,5% da receita do futebol corintiano, enquanto a venda de direitos de TV (R$ 23,4 milhões) somou 19,1%. Já os patrocínios (R$ 19,1 milhões) representaram um total de 15,7% da receita, e a menor fatia da arrecadação ficou por conta da bilheteria (R$ 8,4 mi), com míseros 6,7% do total de dinheiro recebido pelo futebol.

Em seu balanço, o Corinthians trata, também, da relação de parceria com o MSI, fundo de investimentos que tinha o iraniano Kia Joorabchian como seu presidente. Segundo as notas explicativas do balanço, o clube considera que não há mais vínculo com a parceira, que em 2006 havia transferido mais de R$ 9 milhões ao Corinthians e, no ano anterior, mais de R$ 50 milhões.

"Os assessores jurídicos responsáveis pelo processo rescisório dos referidos contratos, possuem o entendimento de que, em decorrência de a MSI interromper totalmente o cumprimento de suas obrigações contratuais, bem como, por ter se afastado totalmente das operações do clube (não possuindo mais representantes legais no país), a mesma manifestou, de maneira inequívoca, sua intenção de encerrar o seu relacionamento contratual com o clube", diz parte do trecho da nota.

O Corinthians afirma, ainda, que não considera ter mais dinheiro a receber do MSI em razão também de a sua ex-parceira ter uma "Ação Penal na Justiça Federal de São Paulo na qual se discute a licitude da origem dos recursos da MSI".

Porém no parecer da auditoria independente, feita pela BDO Trevisan, há questionamentos em relação ao término da parceria com o MSI. Os auditores afirmam que, embora o clube juridicamente entenda que o contrato foi rescindido por ambas as partes, não é possível avaliar se poderá haver um impacto financeiro decorrente de um possível rompimento legal no futuro.

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