Fim do sofrimento: Corinthians vence o Ceará e volta à Série A
Helder Júnior
Para ratificar o acesso, o Corinthians precisou jogar 32 vezes pela Segunda Divisão. Obteve 70 pontos (14 de vantagem sobre o vice-líder Avaí e 18 em relação ao Barueri), sendo 20 vitórias, 10 empates e apenas duas derrotas, para Bahia e Vila Nova. Marcou 67 gols e sofreu 22. A torcida prometeu e não abandonou a equipe durante a campanha. O público total do Timão como mandante já supera 350 mil espectadores.
Ao que parece, o título da Série B é questão tempo. O Corinthians, agora, começa a se planejar para 2009. A prioridade é a renovação contratual do técnico Mano Menezes, que já manifestou vontade de permanecer no Parque São Jorge. A diretoria também trabalhará para manter no elenco jogadores que se destacaram, como o atacante Herrera. O zagueiro Fábio Ferreira, ao contrário, será o primeiro a sair.
No próximo sábado, a Fiel promete recriar o ambiente de decisão que criou para a partida do acesso, mas apenas para comemorar. O adversário será o Paraná, outra equipe rebaixada em 2007. Com 44 pontos ganhos e no meio da tabela de classificação, o Ceará não tem mais aspirações na Série B de 2008. Visitará o São Caetano na rodada seguinte, no estádio Anacleto Campanella.
O jogo – A festa já estava preparada no Pacaembu. Até o técnico Lula Pereira, que havia se convidado para participar na véspera, retrocedeu quando subiu ao gramado. “Não viemos para estragar a festa de ninguém”, avisou o comandante do Ceará, após abraçar o colega Mano Menezes e parabenizá-lo “pela conquista”, que ainda não chegara.
A falta de sincronia do Ceará em campo se assemelhava ao discurso de seu treinador e à apresentação das Cheerleaders do Corinthians, que passaram quase despercebidas antes do início do jogo. Em vez de olhar para as cinco garotas, os torcedores preferiram tremular as bandeiras com a inscrição “Eu voltei/ Agora pra ficar” que receberam, entoar o hino do clube e seus tradicionais gritos de guerra.
“Coringão voltou”, o novo coro da Fiel, contagiou os jogadores do Corinthians nos primeiros minutos. Aos 8, alguns torcedores ainda se acomodavam nas arquibancadas quando os demais se levantaram para reclamar de pênalti sobre Herrera. Com a sua garra característica, o argentino retomou a jogada, desvencilhou-se da marcação e chutou na trave. No rebote, Douglas acertou o gol: 1 a 0.
Já não existia mais dúvidas em meio ao público. “O Coringão está de volta. Por que estávamos fazendo contas? Acabou”, gritava um corintiano, enquanto lacrimejava e roia as unhas. A alegria foi ainda maior quando o placar eletrônico do Pacaembu anunciou o gol do Paraná sobre o Barueri. O empate veio em seguida, mas no momento em que havia outro motivo para comemorações. O Fluminense vencia o Palmeiras por 3 a 0 no Rio de Janeiro.
No final do primeiro tempo, o Corinthians se acomodou. É verdade que o goleiro Felipe não fez mais do que duas defesas, porém a desatenção de Morais e Douglas na criação das jogadas impediu a equipe de descer ao vestiário com uma vantagem maior no marcador. A solução foi chutar de longa distância com André Santos, Elias e, principalmente, Cristian. Nenhum deles acertou o alvo.
Pouco importava, entretanto, a queda de rendimento do Corinthians, que deixou o campo aplaudido. “Falta pouco. A torcida está ajudando, e vamos voltar para a Primeira Divisão hoje”, prometeu o atacante Dentinho. O sistema de som do estádio se precipitou e, já no intervalo, tocava o refrão da música “O Portão”, do palmeirense Roberto Carlos, a quem o placar eletrônico agradecia.
Lula Pereira tentou reanimar o Ceará, substituindo Marcos Paraná por Éderson. Na primeira jogada de ataque do segundo tempo, sua equipe conseguiu assustar o Corinthians. Após cruzamento na área, Sérgio Alves cabeceou, Felipe espalmou e Dezinho empurrou a bola para as redes. Segundo o árbitro, em posição de impedimento. O último lance de perigo dos visitantes acabou com vaias da Fiel.
Aos 4 minutos, um chute forte de Cristian, desta vez em cobrança de falta, enfim surtiu efeito. O goleiro Adílson não conseguiu segurar a bola, e cedeu rebote. O zagueiro-artilheiro Chicão aproveitou para marcar o segundo gol do Corinthians na partida. Levou o distintivo do clube à boca, como gosta de comemorar, e foi ovacionado pelo público, depois de se livrar da suspensão imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
No restante da partida, apenas o Corinthians atacou. Lula Pereira gastou as suas últimas cartadas com Charles Chad e Mancuso nos lugares de Sérgio Alves e Michel, que é torcedor do Palmeiras. Conseguiu evitar apenas o terceiro gol da equipe da casa, que festejou mais um do Paraná. Com rádios de pilha em punho, os torcedores acompanharam o pênalti que selou a derrota do Barueri e o fim do sofrimento corintiano. Havia quem chorasse copiosamente no Pacaembu.
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